Solidariedade

Boa ação em prol dos pets

Grupos de pessoas se unem para ajudar animais abandonados em Pelotas

É cada vez mais comum que grupos de amigos ou vizinhos se mobilizem em prol de ajudar animais em situação de rua, seja em ações mais simples, como alimentar cachorros abandonados, até arrecadar dinheiro para o tratamento de doenças ou abrir as portas de casa para os pets. As iniciativas são consideradas alternativas para dar conta de um problema que o Poder Público não consegue resolver: os animais de rua, expostos à procriação em massa, brigas e acidentes.

Muito além de um ato de solidariedade com os amigos de quatro patas, as ações proporcionam benefícios às próprias pessoas, em um retorno em formato de amor, carinho e companheirismo. Dedicada há mais de 20 anos aos cuidados com animais em situação de rua, Lizete Peres conta que desde a adolescência se dedica a cuidar dos bichanos. "Comecei a cuidar de animais quando eu tinha 15 anos. Eu ia para a escola e, se no caminho encontrava uma ninhada, levava para casa, cuidava e levava à adoção. Depois que eu fui morar na minha casa, comecei a fazer vários resgates. Todos que passavam pelo meu caminho eu acolhia, castrava e colocava para a adoção", conta.

O número de animais foi aumentando com o passar dos anos e atualmente Lizete cuida de 43 animais resgatados. Diversos deles possuem deficiência, algum tipo de sequela ou estão em recuperação de acidentes ou brigas. É o caso de Rabito, cão comunitário do bairro Lindóia, que foi atropelado, fraturou o quadril e demanda diversos cuidados. A mobilização organizada foi grande e arrecadou até um andador para que o peludo pudesse voltar a se locomover.

O amor aos animais uniu ela e o noivo, João Henrique Souza. Juntos dedicam o tempo livre ao cuidado com os cachorros. Entretanto, nem tudo são flores. Sem ajuda do Poder Público e somente com dinheiro próprio e oriundo de doações de amigos do Facebook, a luta diária torna-se grande. O último resgate realizado foi o do Pretão, cão que o casal encontrou quase morto na movimentada avenida Fernando Osório e necessita de tratamento para a esporotricose. "A sensação que a gente tem é de impotência, pois tu não podes cuidar de todos. São histórias terríveis, de animais judiados, que a gente recolhe quase mortos e fazemos de tudo para salvar a vida deles", relata.

Ao amor de quatro patas

Cátia Beatriz Morales, a Bia, também encontrou o amor na ajuda aos animais há cerca de três anos, com a adoção do Bento Luiz. "No momento em que eu peguei esse doguinho eu me abri para o mundo, me tornei uma pessoa mais amável, melhor. Ele me mudou completamente, trouxe amor para a minha vida, me transformou em uma pessoa mais calma, paciente e zelosa", relata.

Em um dos passeios com Bento, Bia conta que encontrou um cachorro da raça linguicinha debilitado e abandonado. Ela proporcionou a ele os cuidados necessários, até que este não resistiu e veio a óbito. O ato de solidariedade a tornou engajada na causa animal e, no verão do ano seguinte, foram colocados em seu caminho outros dois cães, Fiuca e Véio, este último cego, idoso e com problemas de locomoção. "Teve gente que prometeu que ia bater nos bichos, ia envenená-los. Eu digo: mexe comigo e não mexe com os bichos". Bia os alimentou, medicou e os devolveu à rua. No entanto, na mesma madrugada, debaixo de um temporal, o choro de ambos mexeu com o coração e os dois acabaram adotados por ela.

Atualmente, outros vizinhos passaram a abraçar a causa e as boas ações foram propagadas. Organizados em um grupo através do WhatsApp, as pessoas dividem os custos e os cuidados de quatro cães comunitários: Dumbo, Véio, Maria e Baia. O resultado já é visível: dois cachorros foram castrados e estão em recuperação e outro se recupera de machucados na pata. Quando voltarem à rua, terão ao menos casinha e alimentação garantidas. Maria - também chamada de Loba - foi adotada e vive, desde o último fim de semana, com sua nova família, no Morro Redondo. "Os animais são indefesos, eles não sabem pedir e a única coisa que eles vão te dar é amor e fidelidade. Tem que haver uma conscientização das pessoas em não abandonar. E aqueles que virem que os animais estão na rua e puderem ajudar de algum jeito, ou tentarem conseguir ajuda, colocarem água e comida, não custa nada", relembra Bia. A intenção do grupo é, assim que possível, conseguir adoção também para Dumbo, Véio e Baia.

Políticas públicas em falta

A reportagem do Diário Popular questionou a prefeitura sobre o Castramóvel, que, após um ano de aquisição, ainda não foi colocado em operação. O Executivo afirma que está com processo em andamento para a compra de equipamentos necessários, como autoclave, monitor cardíaco, foco cirúrgico e outros, mas disse que o processo ainda não tem previsão de ser concluído.

Atualmente o município também não possui convênio vigente com previsão de serviço de castração de animais. Entretanto, a prefeitura afirma que está em tramitação um processo para realizar um novo convênio e foram feitas tentativas, com o lançamento de editais no início deste ano, porém não apareceram interessados. Devido à ausência destes, em maio o Executivo comprou 130 procedimentos de castração, concluídos em outubro. Recentemente foi assinado convênio com o governo do Estado para ofertar o serviço, que ainda aguarda a liberação de recurso para lançar o edital.

Já quanto a atendimentos veterinários, são disponibilizados pelo município através de um outro convênio, este com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), sendo somente direcionado a emergências com animais sem proprietários. Para que sejam recolhidos, é preciso uma solicitação ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), pelo telefone (53) 3284-7709. O recolhimento depende da disponibilidade de vagas no Hospital de Clínicas Veterinárias da UFPel.

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